Jozé Joaqim Qampos Leão Qorpo-santo, ou simplesmente QORPO-SANTO, na grafia que ele mesmo adotou, de acordo com sua proposta de revisão ortográfica da língua portuguesa, nasceu na Vila do Triunfo, no Rio Grande do Sul, tendo escrito toda a sua obra - Teatro, Poesia, Crônica e Ensaios sobre os mais variados temas, desde simples questões do cotidiano aos aspectos mais variados do Direito, do Jornalismo, da Teologia - n um período de seis meses, no ano de 1864, escritos que reuniu no que chamou de Ensiclopedia, ou Seis Meses de Uma Enfermidade. Os estudiosos apontam-no como o precursor do Teatro do Absurdo, do Movimento Futurista, do Dadaísmo e do Surrealismo. Seus contemporâneos o internaram como louco, interditaram-lhe os bens, e o enviaram ao Rio de Janeiro para internação e tratamento psiquiátrico.
Mas se é verdade que os absurdos das peças de Qorpo-Santo atestam uma anterioridade aos absurdo de um lonesco, por exemplo, incluindo aí uma outra coincidência de imagens, que muitos ainda atribuem a um expontaeismo de escrita, sem qualquer intenção literária, estabelecendo uma polêmica em torno às reais qualidades da obra de Qorpo-Santo merece ou não merece os galardões literários que muitos lhe concedem,e outros ignoram. O que importa é mergulhar na alma de um homem que largou fortuna para dedicar-se intergralmente às suas inspirações, ou revela, como ele mesmo classificava, e que - somente por isso - pagou alto preço, material, psicológico e espiritual, a afirmar a sua escritur. E que jamais arredou pé das suas criações e convicções, tanto que dizia, ao final da sua obra para o Teatro, que só seria compreendido dali a cem anos depois. Mais uma de suas profecias restou cumprida. Pois Qorpo-Santo foi um precursor na abordagem de temas que ainda hoje geram polêmicas: da defesa do direito de divórcio ao fim do celiato dos padres, da possibilidade genética de duas mulheres procriarem ao casamento homessexual. E até onde se sabe, Qorpo-Santo é o autor da primeira peça teatral (A Separação de Dois Esposos), na dramaturgia brasileira, com temática explicitamente homossexual.Outro de seus absurdos, mais uma de suas louquras. Numa Porto Alegre de cerca de 13.000 habitantes com uma elite econômica política e intelectual - à qual Qorpo-Santo pertencia - obviamente reduzidíssima.
Pois Qorpo-Santo era um visionário, um poeta da boa cepa dos profetas. E o espetáculo busca mostrar um pouco desse louqo,desse quixote, desse ser queem alguns momentos se faz chapliniano, ao encontrar uma ternura e humanidade na tragédia que é a sobreposição absoluta, e sem mediação das diferenças individuais, das relações sobre as relações naturais, causa primeira do preconceito, da violência e do desamor.
Afinado com a pós-modernidade, Qorpo-Santo não defendia ideologias, e é espantoso como em toda a sua obra não se registra nem o ranço regionalista, nem o partidarismo político, especialmente tendo em vista que o produziu entre duas revoluções de grande importância: a Farroupilha e a Federalista. É que as guerras eram em si mais absurdas que o mais absurdo dos seus escritos. E fruto de poderes e hipocrisias que ele tanto combatia. Ecce homo! Eis o homem, respeitável público! Um qorpo-santo!
Supervisão e interpretação: Marcos Barreto
Autor: Paulo Bauler
Cenografia: Ricardo Jobim Lippold
Light Design: Wagner Pinto
Música: Ricardo Barreto
Figurino: Tânia Oliveira
Fotos: Sérgio Brenner
Produção Executiva: Francine Kaliandra
Divulgação: Graciela Pozzobom
Contra-regra: Cleber Alves
Aderecista: Cláudio Rossito
Costureiro: Marivando de Jesus Barreira
Arte Final: claudio Camilo
Agradecimentos: Werner Schünemann, Alemão Gerson, Lara Pozzobon e Claudio Camilo